Dor e fatores associados em pacientes atendidos em um serviço de urgência odontológica no sul do Brasil

Autores

  • Alessandra Noro Fernandes Barbosa Universidade Federal de Santa Maria
  • Marcela Noro Fernandes Barbosa Universidade Federal de Santa Maria
  • Cristiana Pereira Malta Universidade Federal de Santa Maria
  • Gisele Jung Franciscatto Universidade Federal de Santa Maria
  • Jessye Melgarejo do Amaral Giordani Universidade Federal de Santa Maria
  • Renata Dornelles Morgental Universidade Federal de Santa Maria

DOI:

https://doi.org/10.30979/revabeno.v21i1.1021

Palavras-chave:

Odontalgia, Epidemiologia, Pesquisa sobre Serviços de Saúde, Socorro de Urgência, Educação Odontológica.

Resumo

O objetivo deste estudo transversal foi avaliar o desfecho dor e fatores associados em pacientes atendidos em um serviço de urgência odontológica no sul do Brasil. Foram avaliados 137 prontuários provenientes de um projeto de extensão para capacitação em atendimento odontológico de urgência da Universidade Federal de Santa Maria (Santa Maria/RS), referentes ao período de abril de 2017 a dezembro de 2018. Os dados contidos na ficha clínica, autorrelatados pelos pacientes, foram coletados e variáveis relacionadas às características socioeconômicas, médicas e odontológicas foram submetidas à análise estatística descritiva e regressão de Poisson multivariada. A prevalência de dor nestes pacientes foi de 65,2% e a hipótese diagnóstica mais prevalente foi de pulpite aguda irreversível (46,2% dos casos). A procura por atendimento foi maior na faixa etária entre 40-59 anos (48,6%), no sexo feminino (64%), em pacientes sem nível superior (85,3%) e os dentes mais frequentemente tratados foram os posteriores (82,7%). Houve associação entre a presença de dor e variáveis médicas, sendo que os pacientes com mais de duas doenças sistêmicas apresentaram maior prevalência de dor. O preenchimento inadequado dos prontuários odontológicos foi um achado comum, o que pode prejudicar o estabelecimento do perfil epidemiológico destes pacientes e o planejamento dos atendimentos futuros de forma eficiente, além de poder acarretar problemas jurídicos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Alessandra Noro Fernandes Barbosa, Universidade Federal de Santa Maria

Estudante, Curso de Odontologia, Universidade Federal de Santa Maria.

Marcela Noro Fernandes Barbosa, Universidade Federal de Santa Maria

Estudante, Curso de Odontologia, Universidade Federal de Santa Maria.

Cristiana Pereira Malta, Universidade Federal de Santa Maria

Possui graduação em Odontologia (2013) e especialização em Endodontia (2016) pela Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF. Mestrado em Ciências da Saúde e da Vida (2018) pela Universidade Franciscana - UFN. Atualmente, é aluna do Doutorado em Ciências Odontológicas com ênfase em Endodontia na Universidade Federal de Santa Maria - UFSM. Tem experiência na área de Odontologia, com ênfase em Endodontia.

Gisele Jung Franciscatto, Universidade Federal de Santa Maria

Mestre em Endodontia, Curso de Odontologia, Universidade Federal de Santa Maria.

Jessye Melgarejo do Amaral Giordani, Universidade Federal de Santa Maria

Doutor em Epidemiologia, Curso de Odontologia e Programa de Pós-Graduação em Ciências Odontológicas, Universidade Federal de Santa Maria.

Renata Dornelles Morgental, Universidade Federal de Santa Maria

Doutora em Endodontia, Curso de Odontologia e Programa de Pós-Graduação em Ciências Odontológicas, Universidade Federal de Santa Maria.

Referências

(1) Martins EP, Oliveira OR, Bezerra SRS, Dourado AT. Estudo epidemiológico de urgências odontológicas da FOP/UPE. RFO UPF. 2014;19(3):316-22.

(2) Cassal JB, Cardoso DD, Bavaresco CS. Perfil dos usuários de urgência odontológica em uma unidade de atenção primária à saúde. Rev APS. 2011;14(1):85-92.

(3) Lewis C, Lynch H, Johnston B. Dental complaints in emergency departments: a national perspective. Ann Emerg Med. 2003;42(1):93-9.

(4) Menini MO, Gomes BPFA, Ferraz CCR, Souza-Filho FJ, Zaia AA. Avaliação do sucesso clínico do atendimento de urgência endodôntica na FOP - Unicamp. Rev Assoc Paul Cir Dent. 2007;61(1):39-43.

(5) Kanegane K, Penha SS, Borsatti MA, Rocha RG. Dental anxiety in an emergency dental service. Rev Saúde Públ. 2003;37(6):786-92.

(6) Munerato MC, Fiaminghi DL, Petry PC. Urgência em Odontologia: um estudo retrospectivo. Rev Fac Odontol Porto Alegre. 2005;46(1):90-5.

(7) Shqair AQ, Gomes GB, Oliveira A, Goettems ML, Romano AG, Schardozim LR, et al. Dental emergencies in a university pediatric dentistry clinic: a retrospective study. Braz Oral Res. 2012;26(1):50-6.

(8) Tortamano IP, Leopoldino VD, Borsatti MA, Penha SS, Buscariolo IA, Costa CG, et al. Aspectos epidemiológicos e sociodemográficos do setor de urgência da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. RPG Rev Pós-Grad. 2006;13(4):299-306.

(9) Dourado AT, Martins EP, De Oliveira OR, Bezerra SRS. Estudo epidemiológico de urgências odontológicas. JBC J Bras Clin Odontol Integr. 2005;9(48):60-4.

(10) Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Nota Técnica GVIMS/GGTES/ ANVISA Nº 04/2020. Orientações para serviços de saúde: medidas de prevenção e controle que devem ser adotadas durante a assistência aos casos suspeitos ou confirmados de infecção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). 2020. [Acesso em 23 mar. 2021]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centrais deconteudo/publicacoes/servicosdesaude/notas-tecnicas/nota-tecnica-n-04-2020-gvims-ggtes-anvisa-atualizada.pdf/view.

(11) Sessle BJ. Recent developments in pain research: central mechanisms of orofacial pain and its control. J Endod. 1986;12(10):435–44.

(12) Hargreaves KM, Cohen S, Berman LH. Cohen’s Pathways of the Pulp. 10th ed. St. Louis, Mo.: Mosby Elsevier; 2011.

(13) Alexandre GC, Nadanovsky P, Lopes CS, Faerstein E. Prevalência e fatores associados à ocorrência da dor de dente que impediu a realização de tarefas habituais em uma população de funcionários públicos no Rio de Janeiro, Brasil. Cad Saúde Pública. 2006;22(5):1073-78.

(14) Sanchez HF, Drumond MM. Atendimento de urgências em uma Faculdade de Odontologia de Minas Gerais: perfil do paciente e resolutividade. RGO. 2011; 59(1):79-86.

(15) Marchini L, Patrocínio MC, Rode SM. Plano de ensino de uma disciplina de “urgências e emergências em Odontologia”. Pós-Grad Rev Fac Odontol São José dos Campos. 2000;3(1):105-12.

(16) Hanna LMO, Alcântara HSC, Damasceno JM, Santos MTBR. Conhecimento dos Cirurgiões Dentistas diante Urgência/ Emergência Médica. Rev Cir Traumatol Buco-Maxilo-Fac. 2014;14(2):79-80

(17) De Paula JS, De Oliveira M, Soares MRSP, Chaves MAMC, Mialhe FL. Perfil epidemiológico dos pacientes atendidos no Pronto Atendimento da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Juiz de Fora. Arq Odontol. 2012;48(4):257-262.

(18) Hocker MB, Villani JJ, Borawski JB, Evans CS, Nelson SM, Gerardo CJ, et al. Dental visits to a North Carolina Emergency Department: a painful problem. N C Med J. 2012;73(5):346-51.

(19) Quinonez C, Gibson D, Jokovic A, Locker D. Emergency department visits for dental care of nontraumatic origin. Community Dent Oral Epidemiol. 2009;37(4):366-71.

(20) Von Kaenel D, Vitangeli D, Casamassimo PS, Wilson S, Preisch J. Social factors associated with pediatric emergency department visits for caries-related dental pain. Pediatr Dent. 2001;23(1):56-60.

(21) Fonseca DAV, Mialhe FL, Ambrosano GMB, Pereira AC, Meneghim MC. Influência da organização da atenção básica e das características sociodemográficas da população na demanda pelo pronto atendimento odontológico municipal. Ciênc Saúde Colet. 2014;19(1):269-77.

(22) Brandini DA, Poi WR, Mello MLM, Macedo APA, Panzarini SR, Pedrini D et al. Caracterização social dos pacientes atendidos na disciplina de Clínica Integrada da Faculdade de Odontologia de Araçatuba, UNESP. Pesqui Bras Odontopediatria Clín Integr. 2008;8(2):245-50.

(23) Reis DC, Almeida TAC, Quites HFO, Sampaio MM. Perfil epidemiológico da tuberculose no Município de Belo Horizonte (MG), no período de 2002 a 2008. Rev Bras Epidemiol. 2013;16(3):592-602

(24) Santos AD, Silva CRA, Medeiros JD, Panazzolo GLG, Silva HCTA, Filho AAMR, et al. Perfil epidemiológico de pacientes com diabetes mellitus. Braz J Surg Clin Res. 2018;4(2):40-6.

(25) Alves RH, Reis DC, Viegas AM, Neves JAC, Almeida TAC, Flisch TMP. Perfil epidemiológico da AIDS em Contagem, Minas Gerais, Brasil entre 2007 e 2011. Rev Epidemiol Control Infect. 2015;5(3):147-52.

(26) Tigre CH, Plaut R, Libel M, Castellanos PL. La práctica epidemiológica en los sistemas de servicios de salud. Educ Méd Salud. 1990;24(3):306-20.

(27) Paim JS. Epidemiologia e planejamento: a recomposição das práticas epidemiológicas na gestão do SUS. Ciênc Saúde Colet. 2003;8(2):557-67.

(28) Pinheiro RS, Viacava F, Travassos C, Brito AS. Gênero, morbidade, acesso e utilização de serviços de saúde no Brasil. Ciênc Saúde Colet. 2002;7(4):687-707.

(29) Pinto EC, Barros VJ, Coelho MQ, Costa SMC. Urgências odontológicas em uma Unidade de Saúde vinculada à Estratégia Saúde da Família de Montes Claros, Minas Gerais. Arq Odontol. 2012;48(3):166-74.

(30) Flumignan JDP, Neto LFS. Atendimento odontológico em unidades de emergência: caracterização da demanda. Rev Bras Odontol. 2014;71(2):124-29.

(31) Matos C. Brasil tem 96 homens para cada 100 mulheres aponta censo [Internet]. 2012 [Citado 2016 outubro 11]. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/908784-brasil-tem-96-homens-para- cada-100-mulheres-aponta-censo

(32) Segura JJ, Jiménez RA. Urgências endodônticas: análise epidemiológica de 80 casos. J Endod Pract. 2002;1(2):16-23.

(33) Tramini P, Nassar BAQ, Valcarcel J, Gilbert P. Factors associated with the use of emergency dental care facilities in a French public hospital. Spec Care Dentist. 2010;30(2):66-71.

(34) Padilha WWN, Carvalho DM, Oliveira V, Amaral MF, Martinho DS. Associação entre indicadores de saúde bucal e nível soocioeconômico em pacientes da Clínica Integrada. Pesq Bras Odontopediatria Clín Integr. 2001;1(1):31-44.

(35) Baldani MH, Vasconcelos AGG, Antunes JLF. Associação do índice CPO-D com indicadores socioeconômicos e de provisão de serviços odontológicos no Estado do Paraná, Brasil. Cad Saúde Pública. 2004;20(1):143-152.

(36) Lacerda JT, Simionato EM, Peres KG, Peres MA, Traebert J, Marcenes W. Dor de origem dental como motivo de consulta odontológica em uma população adulta. Rev Saúde Públ. 2004;38(3):453-58.

(37) Mialhe FL, Possobon RF, Boligon F, Menezes MA. Medo odontológico entre pacientes atendidos em um serviço de urgência. Pesq Bras Odontopediatria Clín Integr. 2010;10(3):483-87.

(38) Pandolfo MT, Giordani JMA, Neves M, Soares RG. CEO-Endodontia da UFRGS: um estudo transversal sobre a prevalência de atendimentos, características dos pacientes e documentação dos prontuários. Rev ABENO. 2015;15(4):67-77.

(39) Fernandes LMPSR, Zapata RO, Duarte MAH, Capelozza ALA. Prevalence of apical periodontitis detected in cone beam CT images of a Brazilian subpopulation. Dentomaxillofac Radiol. 2013;42(1):2-7.

(40) Albuquerque YE, Zuanon ACC, Pansani CA, Giro EMA, Lima FCBA, Pinto LAMS, et al. Perfil do atendimento odontológico no Serviço de Urgência para crianças e adolescentes da Faculdade de Odontologia de Araraquara (FOAr) ‒ UNESP. Rev Odontol UNESP. 2016;45(2):115-20.

(41) Werneck MAF, Senna MIB, Drumond MM, Lucas SD. Nem tudo é estágio: contribuições para debate. Ciênc Saúde Colet. 2010;5(1):221-31.

(42) Cachovan G, Phark JH, Schon G, Pohlenz P, Platzer U. Odontogenic infections: an 8-year epidemiologic analysis in a dental emergency outpatient care unit. Acta Odontol Scand. 2013;71(3):518–24.

(43) Blake GJ, Ridker PM. Inflammatory bio-markers and cardiovascular risk prediction. J Intern Med. 2002;252(4):283–94.

(44) Gomes MS, Blattner TC, Sant’Ana Filho M, Grecca FS, Hugo FN, Fouad AF, et al. Can apical periodontitis modify systemic levels of inflammatory markers? A systematic review and meta-analysis. J Endod. 2013;39(10):1205–17.

(45) Oliveira KG, von Zeidler SV, Lamas AZ, Podestá JRV, Sena A, Souza ED, et al. Relationship of inflammatory markers and pain in patients with head and neck cancer prior to anticancer therapy. Braz J Med Biol Res. 2014;47(7), 600–4.

(46) Berlin-Broner Y, Febbraio M, Levin L. Association between apical periodontitis and cardiovascular diseases: a systematic review of the literature. Int Endod J. 2017;50(9):847-59.

(47) Khalighinejad N, Aminoshariae MR, Aminoshariae A, Kulild JC, Mickel A, Fouad AF. Association between Systemic Diseases and Apical Periodontitis. J Endod. 2016;42(10):1427–3.

(48) Segura-Egea JJ, Martín-González J, Castellanos-Cosano L. Endodontic medicine: connections between apical periodontitis and systemic diseases. Int Endod J. 2015;48(10):33–51.

(49) Madan GA, Madan SG, Madan AD. Failure of alveolar nerve block: exploring alternatives. J Am Dent Assoc. 2002;133(7):843-46.

(50) Benedicto EM, Lages LHR, Oliveira OF, Silva RHA, Paranhos LR. A importância da correta elaboração do prontuário odontológico. Odonto (São Bernardo do Campo). 2010;18(36):41-50.

(51) Brasil. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Resolução no. 3, de 19 de fevereiro de 2002. Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Odontologia. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 04 de março de 2002. [Acesso em 23 mar. 2021]. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES032002.pdf.

Publicado

24-12-2021

Como Citar

Barbosa, A. N. F., Barbosa, M. N. F., Malta, C. P., Franciscatto, G. J., Giordani, J. M. do A., & Morgental, R. D. (2021). Dor e fatores associados em pacientes atendidos em um serviço de urgência odontológica no sul do Brasil. Revista Da ABENO, 21(1), 1021. https://doi.org/10.30979/revabeno.v21i1.1021

Edição

Seção

Artigos