Integralidade do atendimento odontológico à mulher em situação de violência
revisão narrativa da conduta profissional
DOI:
https://doi.org/10.30979/revabeno.v22i2.1720Palavras-chave:
Violência Contra a Mulher, Integralidade em Saúde, Relações Dentista-Paciente, Educação em OdontologiaResumo
O desempenho de atributos profissionais de integralidade do atendimento de mulheres em situação de violência depende de como os cirurgiões-dentistas (CDs) estruturam suas práticas de cuidado e como compreendem a violência. Por isso, o objetivo desta revisão foi acumular evidências da responsabilidade profissional e obrigações sociais do CD e sua imprescindibilidade no enfrentamento da violência contra a mulher. Foram selecionados artigos nas bases de dados PubMed, SciELO e LILACS, a partir de Descritores em Ciências da Saúde, para fundamentar e aprofundar as perspectivas sobre a integralidade do atendimento odontológico, considerando os conflitos sociais subentendidos na queixa principal. Constatou-se que a violência contra a mulher é resultante de processos históricos-sociais de desigualdade entre os gêneros; a agressão física sobressai-se entre as principais queixas e mulheres agredidas por seu parceiro têm alta prevalência de sofrer injúrias na cabeça e na face. As sequelas da violência vão além dos vestígios físicos e difundem-se a inúmeros problemas orais. Verificou-se pouca aptidão dos cirurgiõesdentistas para identificar, conduzir e propor alternativas de tratamento global à paciente, mesmo com protocolos para naturalização da investigação por meio da anamnese. A ampliação do conhecimento e discussão das políticas de ensino são oportunidades para consolidar a humanização e a integralidade de saúde, evitando exames e tratamentos mecânicos, sem afeto ou respeito. Essa estratégia faz parte da construção coletiva para o estabelecimento e manutenção do compromisso ético e social do Ensino em Odontologia, em que o CD compreende a magnitude de sua profissão e presta seus serviços articulado
com a realidade social.
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