Formação em saúde bucal e Clínica Ampliada: por uma discussão dos currículos de graduação
DOI:
https://doi.org/10.30979/rev.abeno.v17i4.520Palavras-chave:
Saúde Bucal. Odontologia. Integração Docente Assistencial.Resumo
Na perspectiva de compreender percursos de formação e suas interfaces com os processos de trabalho no Sistema Único de Saúde (SUS), este artigo objetiva analisar as experiências vividas por estudantes de Odontologia em um estágio extracurricular no serviço de saúde no município de São Paulo. Trata-se de estudo descritivo-exploratório de abordagem qualitativa, cujos sujeitos foram três estudantes de graduação em Odontologia, inseridos em um estágio em Clínica Ampliada que registraram suas experiências em diários de pesquisa. O material coletado foi trabalhado por análise de conteúdo temática. No período de maio a dezembro de 2015, foram atendidos - na Clínica Ampliada de saúde bucal da Unidade Básica de Saúde (UBS) - em média, 16 usuários por estagiário, número aproximado à quantidade de pacientes que um aluno de Odontologia da mesma Instituição de Educação Superior (IES) comumente atende durante sua graduação. A partir do conteúdo dos diários dos estagiários, percebe-se a existência de uma forte dissociação entre as vivências dos estudantes no espaço da pesquisa e suas experiências nos ambulatórios da IES. Apesar de passada mais de uma década desde a homologação das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para os cursos da área da saúde, e dos esforços para mudar o perfil profissional, persiste o distanciamento entre conteúdos e abordagens da graduação em saúde e os processos de trabalho no SUS. Por certo, o desafio reside também na efetividade da integração curricular, na diversificação de cenários de aprendizagem e na articulação com o SUS. As experiências vividas pelos estagiários revelam as diferenças profundas e arraigadas da prática odontológica nos cenários de ensino e no SUS
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