Formação em saúde bucal e Clínica Ampliada: por uma discussão dos currículos de graduação

Autores

  • Brunna Rodrigues Machado dos Santos Bastos Faculdade de Odontologia/USP
  • André Serra Clara Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP)
  • Graciela Soares Fonsêca Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP)
  • Fabiana Schneider Pires Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Carolina Rogel de Souza Faculdade de Saúde Pública da USP
  • Carlos Botazzo Faculdade de Saúde Pública da USP

DOI:

https://doi.org/10.30979/rev.abeno.v17i4.520

Palavras-chave:

Saúde Bucal. Odontologia. Integração Docente Assistencial.

Resumo

Na perspectiva de compreender percursos de formação e suas interfaces com os processos de trabalho no Sistema Único de Saúde (SUS), este artigo objetiva analisar as experiências vividas por estudantes de Odontologia em um estágio extracurricular no serviço de saúde no município de São Paulo. Trata-se de estudo descritivo-exploratório de abordagem qualitativa, cujos sujeitos foram três estudantes de graduação em Odontologia, inseridos em um estágio em Clínica Ampliada que registraram suas experiências em diários de pesquisa. O material coletado foi trabalhado por análise de conteúdo temática. No período de maio a dezembro de 2015, foram atendidos - na Clínica Ampliada de saúde bucal da Unidade Básica de Saúde (UBS) - em média, 16 usuários por estagiário, número aproximado à quantidade de pacientes que um aluno de Odontologia da mesma Instituição de Educação Superior (IES) comumente atende durante sua graduação. A partir do conteúdo dos diários dos estagiários, percebe-se a existência de uma forte dissociação entre as vivências dos estudantes no espaço da pesquisa e suas experiências nos ambulatórios da IES. Apesar de passada mais de uma década desde a homologação das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para os cursos da área da saúde, e dos esforços para mudar o perfil profissional, persiste o distanciamento entre conteúdos e abordagens da graduação em saúde e os processos de trabalho no SUS. Por certo, o desafio reside também na efetividade da integração curricular, na diversificação de cenários de aprendizagem e na articulação com o SUS. As experiências vividas pelos estagiários revelam as diferenças profundas e arraigadas da prática odontológica nos cenários de ensino e no SUS

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Brunna Rodrigues Machado dos Santos Bastos, Faculdade de Odontologia/USP

Graduanda

André Serra Clara, Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP)

graduando

Graciela Soares Fonsêca, Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP)

Aluna de doutorado do programa de pós-graduação em Ciências Odontológicas da FOUSP

Fabiana Schneider Pires, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Professora Adjunta

Carolina Rogel de Souza, Faculdade de Saúde Pública da USP

Doutoranda

Carlos Botazzo, Faculdade de Saúde Pública da USP

Professor Sênior

Referências

Moimaz SAS, Casotti CA, Saliba NA, Garbin CAS. Representação social de acadêmicos de odontologia sobre a área de Odontologia Social. Rev ABENO. 2006;6:145-9.

Brasil. Resolução CNE/CES 3/2002. Diário Oficial da União. Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Odontologia. Brasília. 4:10. [Acesso em 04 jan. 2017]. Disponível em: https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwjg5vuC1srXAhXLnJAKHY4QAMcQFggsMAA&url=http%3A%2F%2Fportal.mec.gov.br%2Fcne%2Farquivos%2Fpdf%2FCES032002.pdf&usg=AOvVaw35siyYd4hY4QYc24XMSR-X

Soares FF, Figueiredo CRV, Borges NCMB, Jordão RA, Freire MCM. Atuação da equipe de saúde bucal na estratégia saúde da família: análise dos estudos publicados no período de 2001 a 2008. Ciênc Saúde Coletiva. 2011;16(7):3169-80.

Morita MC, Kriger L. Mudanças nos cursos de Odontologia e a interação com o SUS. Rev ABENO. 2004; 4:17-21.

Ramos FRS. O discurso da bioética na formação do sujeito trabalhador da saúde. Trab Educ Saúde. 2007; 5(1):51-77.

Finkler M, Caetano JC, Ramos FRS. Modelos, mercado e poder: elementos do currículo oculto que se revelam na formação em odontologia. Trab Educ Saúde. 2014; 12(2): 343-61.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Caminhos para as mudanças da formação e desenvolvimento dos profissionais de Saúde: diretrizes para a ação política para assegurar educação permanente no SUS. Brasília, 2003. [Acesso em 15 de julho de 2017]. Disponível em: http://bvsms.saude. gov.br/bvs/publicacoes/politica2

Pezzato LM, L’Abbate S, Botazzo C. Produção de micropolíticas no processo de trabalho em saúde bucal: uma abordagem socioanalítica. Ciênc Saúde Coletiva. 2013;18(7):2095-04.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Coordenação Nacional de Saúde Bucal. Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal. Brasília (DF), 2004. Acesso em 04 jan 2017]. Disponível em: http://dab.saude.gov.br/portaldab/pnsb.php

Botazzo C, Fonsêca GS, Pires FS, Souza CR, Junqueira SR, Pezzato LM. et al. Inovação na produção do cuidado em saúde bucal. Possibilidades de uma nova abordagem na clínica odontológica para o Sistema Único de Saúde. Relatório Técnico. São Paulo; 2015.

Pires FS, Botazzo C. Organização tecnológica do trabalho em saúde bucal no SUS: uma arqueologia da política nacional de saúde bucal. Saúde Soc. 2015; 24(1):273-84.

Merhy EE. Saúde: a cartografia do trabalho vivo. São Paulo: Hucitec, 2002.

Waldow VR. Diários. In: Waldow VR. Estratégias de ensino na Enfermagem: enfoque no cuidado e no pensamento crítico. São Paulo: Ed. Vozes; 2005. p. 45-53.

Bardin, L. Análise de conteúdo. Lisboa, Edições 70, 1977.

Schwartz Y. Trabalho e uso de si. In: Schwartz Y, Durrive, L. (Org.). Trabalho e ergologia. Entrevistas sobre a atividade humana. Niterói: EduFF, 2007. p.191-206.

Trinquet P. Trabalho e Educação: o método ergológico. Rev HISTEDBR. 2010; : 93-113.

Paim JS, Silva LMV. Universalidade, integralidade, equidade e SUS. BIS, Bol Inst Saúde. 2010; 12(2):109-14.

Fonsêca GS, Junqueira SR, Zilbovicius C, Araujo ME. Educação pelo trabalho: reorientando a formação de profissionais da saúde. Interface Comunic Saúde Educ. 2014; 18(50): 571-83.

Cunha EL. Entre o assujeitamento e afirmação de si. Cadernos de Psicanálise, SPCRJ. 2002;18(21):167-80.

Barros RS, Botazzo C. Subjetividade e clínica na atenção básica. Narrativas, histórias de vida e realidade social. Ciênc Saúde Colet. 2011;16(11):4337-48.

Fonsêca GS. Formação pela experiência: Revelando novas faces e rompendo os disfarces da odontologia ‘in vitro’ [tese]. São Paulo: Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo; 2015.

Camargo Jr KR. Um ensaio sobre a (In) definição de integralidade. In: Pinheiro R, Mattos RA. (Org.). Construção da integralidade: cotidiano, saberes e práticas em saúde. Rio de Janeiro: Abrasco, 2003. p. 35-43.

Pezzato L. Encontros, instituições e sujeitos em análise: a alta pactuada em saúde bucal [tese]. Campinas: Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas; 2009.

Santos NR. SUS, Política Pública de Estado: Seu desenvolvimento instituído e instituinte, o Direito Sanitário, a Governabilidade e a busca de saídas. Rio de Janeiro: Cebes, 2012. p. 71.

Zanetti CHG. A crise da Odontologia brasileira: as mudanças estruturais do mercado de serviços e o esgotamento do modo de regulação Curativo de Massa. Arq Odontol. 1999;1(6):232-9.

Ceccim RB, Merhy EE. Um agir micropolítico e pedagógico intenso: a humanização entre laços e perspectivas. Interface Comunic Saúde Educ. 2009; 13(1): 531-42.

Faccin D, Sebold R, Carcereri D.L. Processo de trabalho em saúde bucal: em busca de diferentes olhares para compreender e transformar a realidade. Ciênc Saúde Colet. 2010; 15(Suppl 1):1643-52.

Pimentel FC, Albuquerque PCD, Martelli PJDL, Souza WVD, Acioli RML. Characterization of the work process by oral health teams in municipalities in Pernambuco State, Brazil, according to population size: from community links to organization of clinical care. Cad Saúde Pública. 2012; 28(supl):146-57.

Teixeira MCD. A dimensão cuidadora do trabalho de equipe em saúde e sua contribuição para a odontologia. Ciênc Saúde Colet. 2006;11:45-51.

Ceccim RB, Carvalho YM. Ensino da saúde na integralidade: a educação dos profissionais de saúde no SUS. In: Pinheiro R, Ceccim RB, Mattos RA. Ensinar saúde: a integralidade e o SUS nos cursos de graduação na área da saúde. Rio de Janeiro: CEPESC-IMS/UERJ/ABRASCO; 2011. p. 69-92.

Toassi RFC, Souza JM, Baumgarten A, Rösing CK. Avaliação curricular na educação superior em Odontologia: discutindo as mudanças curriculares na formação em saúde no Brasil. Rev ABENO. 2012;12(2):170-7.

Galli A. Argentina: transformación curricular. Educación Médica y Salud. 1989; 23(4):344-53.

Feuerwerker LCM, Almeida M. Diretrizes curriculares e projetos pedagógicos: é tempo de ação! Rev Abeno. 2004; 4(1):14-6.

Downloads

Publicado

08-01-2018

Como Citar

Bastos, B. R. M. dos S., Clara, A. S., Fonsêca, G. S., Pires, F. S., Souza, C. R. de, & Botazzo, C. (2018). Formação em saúde bucal e Clínica Ampliada: por uma discussão dos currículos de graduação. Revista Da ABENO, 17(4), 73–86. https://doi.org/10.30979/rev.abeno.v17i4.520

Edição

Seção

Edição temática Clínica Ampliada