Diagnóstico e notificação de casos de violência contra crianças e adolescentes: conhecimento de estudantes de Odontologia
DOI:
https://doi.org/10.30979/rev.abeno.v21i1.936Palavras-chave:
Maus-tratos Infantis. Notificação Compulsória. Estudantes de Odontologia.Resumo
O objetivo desse estudo foi avaliar o conhecimento de estudantes de Odontologia acerca do diagnóstico e da notificação em casos de violência contra crianças e adolescentes (VCA). Trata-se de um estudo transversal, descritivo e exploratório realizado com os estudantes (n=100) que cursavam oitavo e décimo períodos no semestre 2018.1, dos turnos diurno e noturno do curso de Odontologia do Nordeste brasileiro. Os dados foram coletados por meio de questionário autoaplicável, composto por 22 perguntas. Os dados foram tabulados e analisados segundo estatística descritiva e teste de associação entre as variáveis, considerando p-valor <0,05 como significância estatística. A importância do tema foi reconhecida pela quase totalidade dos estudantes (99,0%), no entanto, menos da metade (45,0%) considerou que as informações recebidas na graduação foram suficientes. Destaca-se, porém, que os estudantes demonstraram conhecimento razoável do assunto, com percentual de acertos de 75,27%. Não houve diferença significativa entre o número de acertos dos alunos do oitavo e décimo períodos. Embora 85,0% dos estudantes afirmaram que a conduta correta em caso suspeito de VCA seja fazer denúncia ao Conselho Tutelar da localidade, menos da metade afirmou conhecer a ficha de notificação específica e apenas 10,0% conheciam que a pena para os profissionais que não notificarem é multa de 3 a 20 salários de referência. Conclui-se que os estudantes apresentaram conhecimento satisfatório no que diz respeito ao diagnóstico de VCA e domínio sobre os meios de denúncia para notificação específica.
Downloads
Referências
(1) Waiselfisz JJ. Mapa da Violência 2012 crianças e adolescentes do brasil. 1ª ed. Rio de Janeiro; 2012.
(2) Waiselfisz JJ. Homicides of children and adolescents in Brazil. Homicide Dispatch 4. Rio de janeiro: Iguarapé Institute; 2017.
(3) Malta DC, Bernal RTI, Teixeira BSM, Silva MMA, Freitas MIF. Fatores associados a violências contra crianças em Serviços Sentinela de Urgência nas capitais brasileiras. Cien Saude Colet. 2017;22(9):2889-98.
(4) Brasil. Linha de Cuidado para a Atenção Integral à Saúde de Crianças, Adolescentes e suas Famílias em Situações de Violência. 1ª ed. Brasilia-DF: MS; 2010.
(5) Brasil. Ministério da Saúde. Estatuto da Criança e do Adolescente, Brasília, 1990.
(6) Brasil. Notificação de maus-tratos contra crianças e adolescentes: um passo a mais na cidadania em saúde. 2ª ed. Brasília; 2002.
(7) Assis SG, Avanci JQ, Pesce RP, Pires TO, Gomes DL. Notificações de violência doméstica, sexual e outras violências contra crianças no Brasil. Cien Saude Colet. 2012;17(9):2305-17.
(8) Garbin CAS, Rovida TAS, Joaquim RC, Paula AM, Queiroz APDG. Violência denunciada: ocorrências de maus tratos contra crianças e adolescentes registradas em uma unidade policial. Rev Bras Enferm. 2011; 64(4):665-70.
(9) Veloso MMX, Magalhães CMC, Dell’aglio DD, Cabral IR, Gomes MM. Notificação da violência como estratégia de vigilância em saúde: perfil de uma metrópole do Brasil. Cien Saude Colet. 2013;18(5):1263-72.
(10) Massoni ACLT, Ferreira ÂMB, Aragão AKR, Menezes VA, Colares V. Aspectos orofaciais dos maus-tratos infantis e da negligência odontológica. Cien Saude Colet. 2010;15(2):403-10.
(11) Costacurta M, Benavoli D, Arcudi G, Docimo R. Oral and dental signs of child abuse and neglect. Oral Implantol (Rome). 2015:8(2-3):68.
(12) Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Superior (Brasil). Resolução nº. 3, de 19 fevereiro de 2002. Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Odontologia. Diário Oficial da União 4 de março de 2002; Seção 1.
(13) Luna GLM, Ferreira RC, Vieira LJES. Notificação de maus tratos em crianças e adolescentes por profissionais da Equipe de Saúde da Família. Cien Saude Colet. 2010;15(2):481-91.
(14) Moura AR, Amorim A, Proença L, Milagre V. Dentists and undergraduate dental students require more information relating to child abuse. Medical Express. 2015;2(2): M150203.
(15) Kirankumar SV, Noorani H, Shivprakash PK, Sinha S. Medical professional perception, attitude, knowledge, and experience about child abuse and neglect in Bagalkot district of north Karnataka: a survey report. J Indian Soc Pedod Prev Dent. 2011; 29(3):193-7.
(16) Brasil. Ministério da Saúde. Uma análise da Situação de Saúde e das Causas externas. Saúde Brasil 2014. Brasília: MS; 2015.
(17) Bodrumlu E, Avsar A, Arslan S. Assessment of knowledge and attitudes of dental students in regard to child abuse in Turkey. Eur J Dent Educ. 2018; 22: 40–6.
(18) Sousa GFP, Carvalho MMP, Granville-Garcia AF, Gomes MNC, Ferreira JMS. Conhecimento de acadêmicos em odontologia sobre maus-tratos infantis. Odonto. 2012;20(40):101-8.
(19) Keenan HT, Campbell KA, Page K, Cook LJ, Bardsley T, Oslon LM. Perceived social risk in medical decision making for physical child abuse: a mixed methods study. BMC Pediatr. 2017;17:214.
(20) Al-Jundi SHS, Zawaideh FI, Al-Rawi MH. Jordanian Dental students’ knowledge and attitudes in regard to child physical abuse. J Dent Educ. 2010;74(10):1159-65.
(21) Jordan A, Welbury RR, Tiljak MK. Croatian Dental Students’ educational experiences and knowledge in regard to child abuse and neglect. J Dent Educ. 2012;76(11):1512-9
(22) Fisher-Owens SA, Lukefahr JL, Tate AR, American Academy of Pediatrics, Section on Oral Health Committee on Child Abuse and Neglect, American Academy of Pediatric Dentistry, Council on Clinical Affairs, Council on Scientific Affairs, ad hoc work group on child abuse and neglect. Oral and Dental Aspects of Child Abuse and Neglect. Pediatrics. 2017;140(2) :20171487
(23) UNICEF. (2009). Child abuse: A painful reality behind closed doors. Challenges: Newsletter on progress towards millennium development goals from a child rights. Perspective, 9, 1-12.
(24) Cavalcanti AL. Prevalence and characteristics of injuries to the
head and orofacial region in physically abused children and adolescents - a retrospective study in a city of the Northeast of Brazil. Dent Traumatol. 2010;26:149-53.
(25) Valente LA, Dalledone M, Pizzatto E, Zaiter W, Souza JF, Losso EM. Domestic Violence against children and adolescents: prevalence of physical injuries in a southern Brazilian metropolis. Braz Dent J. 2015;26(1):50-60.
(26) Wacheski A, Lopes MGK, Paola APBP, Valença P, Losso EM. O conhecimento do aluno de Odontologia sobre maus tratos na infância antes e após o recebimento de uma cartilha informativa. Odonto. 2012;20(39): 7-15.
(27) Hashim R, Al-Ani A. Child physical abuse: assessment of dental students’ attitudes and knowledge in United Arab Emirates. Eur Arch Paediatr Dent. 2013; 14:301–05.
(28) Brasil. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília-DF: Senado Federal; 1988.
(29) Granville-Garcia AF, Vaz TMT, Martins VM, Massoni ACLT, Cavalcanti AL, Menezes VA. Maus tratos em crianças e adolescente de Solânea, Paraíba, Brasil: ocorrência e conduta profissional. Rev Bras Pesqui Saúde. 2010;12(4): 26-33.
(30) Conselho Federal de Odontologia. Código de Ética Odontológica aprovado pela Resolução CFO-118/2012
(31) Silva Júnior MF, Pagel MD, Campos DMKS, Miotto MHMBM. Conhecimento de acadêmicos de Odontologia sobre maus-tratos infantis. Arq Odontol. 2015;51(3):138-44.
(32) Biss SP, Duda JG, Tomazinho PH, Pizzatto E, Losso EM. Maus tratos infantis: avaliação do currículo dos cursos em odontologia. Rev ABENO. 2015;15(1):55-62.
(33) El sarraf MC, Marengo G, Correr GM, Pizzatto E, Losso EM. Physical child abuse: perception, diagnosis, and management by southern Brazilian pediatric dentists. Pediatr Dent. 2012; 34(4): 72-6.
(34) Serpa EM, Ramos AAS. Percepção dos maus tratos infantis pelos estudantes de odontologia da UFPB. Int J Dent. 2011:10(4):234-41.
(35) Azevedo MS, Goettems ML, Brito A, Possebon AP, Domingues J, Demarco FF, Torriani DD. Child maltreatment: a survey of dentists in southern Brazil. Braz Oral Res. 2012;26(1):5-11.
(36) Abreu PTR, Costa IFS, Galvão A, Souza ACPS, Zocratto KBF, Oliveira CAS. Abuso físico infantil: vivências e atitudes de estudantes de Odontologia. Rev ABENO. 2017;17(2):107-19.
(37) Mogaddama M, Kamala I, Merdadc L, Alamoudi N. Knowledge, attitudes, and behaviors of dentists regarding child physical abuse in Jeddah, Saudi Arabia. Child Abuse Negl. 2016;54:43–56.
(38) Matos FZ, Borges AH, Neto IM, Rezende CD, Silva KL, Pedro FLM, Porto AN. Avaliação do conhecimento dos alunos de graduação em odontologia x cirurgião dentista no diagnóstico de maus-tratos a crianças. Rev Odontol Bras Central. 2013;22(63).
(39) Gomes LS, Pinto TCA, Costa EMMB, Ferreira JMSF, Cavalcanti SDLB. Granville-Garcia AF. Percepção dos acadêmicos de odontologia sobre maus tra-tos na infância. Odont Clín-Cient. 2011;10(1) 73 – 8.
(40) Brasil. Ministério da Saúde. Política Nacional de Redução de Morbimortalidade por Acidentes e Violência (PNRMAV). Brasília: Ministério da Saúde; 2002. 39
(41) Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Política Nacional de Promoção da Saúde. Portaria nº 687 MS/GM, de 30 de março de 2006. Brasília: MS; 2006.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Revista da ABENO
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).