O olhar de usuários, residentes e trabalhadores sobre uma intervenção em saúde bucal de abordagem comunitária na ESF do campo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.30979/revabeno.v22i2.1701

Palavras-chave:

Saúde da População Rural, Saúde da Família, Saúde Bucal, Assistência Odontológica Integral

Resumo

Objetivou-se analisar uma intervenção de cuidado integral em saúde bucal de abordagem comunitária protagonizada por residentes de Odontologia em Saúde da Família inseridos em duas unidades de saúde do campo de Caruaru/PE, segundo o olhar de profissionais, residentes e usuários. A intervenção englobou diagnóstico e levantamento das necessidades odontológicas, ações coletivas em saúde bucal e ações assistenciais para cárie com tratamento restaurador atraumático. Os grupos-alvo formam escolares e moradores de áreas mais remotas nas unidades de Lagoa de Pedra e de Xicuru. O estudo qualitativo utilizou técnica do grupo focal para coleta dos dados. Três grupos foram constituídos: nove profissionais, seis residentes e oito usuários. As entrevistas seguiram um roteiro com perguntas abertas sobre o cuidado e as tecnologias em saúde bucal empregadas no contexto das populações campesinas e acesso/acessibilidade às unidades de saúde. Os dados foram submetidos à análise de conteúdo. Emergiram duas categorias temáticas: dificuldades de acesso aos cuidados em saúde bucal e satisfação com as ações implementadas. Os participantes dos três grupos avaliaram positivamente a iniciativa de estabelecer relação educativa/assistencial participativa abrindo se a espaços comunitários e valorizaram o enfoque adotado pela intervenção de saúde bucal no enfrentamento dos problemas limitadores do acesso aos serviços odontológicos e às ações coletivas que relataram. Contudo, desinteresse na continuidade das ações realizadas e contrários às práticas comunitárias em saúde bucal foram relatadas no grupo focal dos profissionais. Considera-se persistir fatores profissionais e de estrutura limitadores à garantia dos direitos de acesso à saúde aos usuários de áreas mais remotas às unidades de saúde.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Daniela Maria Cruz Ferreira de Carvalho, Universidade de Pernambuco

Especialista em Saúde da Família com ênfase na Saúde das Populações do Campo.

Tainá Faustino Mafra, Universidade de Pernambuco

Especialista em Saúde da Família com ênfase na Saúde das Populações do Campo.

Delâine Cavalcanti Santana de Melo, Universidade Federal de Pernambuco

Professora adjunta, Departamento de Serviço Social, Centro de Ciências Sociais e Aplicadas, Universidade Federal de Pernambuco.

Ive da Silva Monteiro, Universidade de Pernambuco

Professora do Programa de Residência em Odontologia em Saúde Coletiva.

Márcia Maria Dantas Cabral de Melo, Universidade Federal de Pernambuco

Professora Associada, Departamento de Clínica e Odontologia Preventiva, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Pernambuco.

Referências

Brasil. Ministério da Saúde. Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e da Floresta. Diário Oficial da União. 2013.

Silva VHF, Dimenstein M, Ferreira Leite J. O cuidado em saúde mental em zonas rurais. Mental. 2012; 10(19):267-85.

Martínez GR, Albuquerque A. O direito à saúde bucal na Declaração de Liverpool. Rev Bioética. 2017;25(2):224-33.

Pessoa VM, Almeida MM, Carneiro FF. Como garantir o direito à saúde para as populações do campo, da floresta e das águas no Brasil? Saúde Debate. 2018;42(1):302-414.

Narvai PC, Frazão P. Saúde bucal no Brasil: muito além do céu da boca. 1 ed. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2008. 148 p.

Rückert B, Cunha DM, Modena CM. Saberes e práticas de cuidado em saúde da população do campo: revisão integrativa da literatura. Interface - Com Saúde Educ. 2018;22(66):903-14.

Cavalcanti RP, da Silveira Gaspar G, de Goes PSA. Utilização e acesso aos serviços de saúde bucal do SUS - uma comparação entre populações rurais e urbanas. Pesqui Bras Odontopediatria Clin Integr. 2012;12(1):121-6.

Brasil. Ministério da Saúde. Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e da Floresta. 1 ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 48p.

Brasil. Ministério da Saúde. Política Nacional de Saúde Bucal. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. 16p.

Chaves SCL, Almeida AMFL, Reis CS, Rossi TRA, Barros SG. Política de Saúde Bucal no Brasil: as transformações no período 2015-2017. Saúde Debate. 2018;42(2):76-91.

Godoi H, Mello ALSF, Caetano JC. An oral health care network organized by large municipalities in Santa Catarina State, Brazil. Cad Saude Publica. 2014;30(2):318-32.

De Souza MC, De Araújo TM, Reis Júnior WM, Souza JN, Alves Vilela AB, Ranco TB. Integralidade na atenção à saúde: um olhar da Equipe de Saúde da Família sobre a fisioterapia. Mundo da Saude. 2012;36(3):452-60.

Dos Santos RR, Lima EFA, Freitas PSS, Galavote HS, Rocha EMS, Lima RCD. A influência do trabalho em equipe na Atenção Primária à Saúde. Rev Bras Pesqui Saúde. 2016;18(1):130-9.

Faccin D, Sebold R, Carcereri DL. Processo de trabalho em saúde bucal: em busca de diferentes olhares para compreender e transformar a realidade. Cien Saude Colet. 2010;15(suppl 1):1643-52.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Apoio à Gestão Estratégica e Participativa. II Caderno de educação em saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2014.

Brasil. Ministério da Saúde. Caderno de Atenção Básica, no 17. Brasília: Ministério da Saúde, 2008.

Melo MMDC. Análise de fatores associados ao desenvolvimento da cárie dentária em uma coorte de crianças da atenção primária à saúde do Recife. Tese Doutorado em Saúde Pública. Recife: Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz; 2014.

Brasil. Ministério da Saúde. Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS. B. Textos Básicos de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde. 2009.

Frencken JE. Evolution of the the ART approach: highlights and achievements. J Appl Oral Sci. 2009;17 (Suppl.):78-83.

Silva CTC, Melo MMDC, Katz CRT, Carvalho EJA, Souza FB. Incorporação da técnica de restauração atraumática por equipes de saúde bucal da atenção básica à saúde do Recife/PE. Arq Odontol. 2018;54.

Busato IMS, Gabardo MCL, França BHS, Moysés SJ, Moysés ST. Avaliação da percepção das equipes de saúde bucal da secretaria municipal da saúde de Curitiba (PR) sobre o tratamento restaurador atraumático (ART). Cienc e Saude Coletiva. 2011;16(1):1027-22.

Kuhnen M, Buratto G, Silva MP. Uso do tratamento restaurador atraumático na Estratégia Saúde da Família. Rev Odontol UNESP. 2013;42(4):291-7.

Chibinski AC, Martins AS, Baldani MH, Wambier DS, Kriger L. Tratamento restaurador atraumático: percepção dos dentistas e aplicabilidade na atenção primária. Rev Bras Odontol. 2014;71(1): 89-92.

Baldani MH, Ribeiro AE, Gonçalves JR da SN, Ditterich RG. Processo de trabalho em saúde bucal na atenção básica: desigualdades intermunicipais evidenciadas pelo PMAQ-AB. Saúde Debate. 2018;42:145-62.

Sousa MCA. Promovendo saúde em crianças de uma escola quilombola na zona rural: relato de experiência. Rev Bras Pesqui Saúde. 2012; 14(2):25-30.

Trad LAB. Grupos focais: conceitos, procedimentos e reflexões baseadas em experiências com o uso da técnica em pesquisas de saúde. Physis Rev Saúde Coletiva. 2009;19:777-96.

Soares EF, Reis SCGB, Freire MCM. Percepção dos trabalhadores da Estratégia Saúde da Família sobre a atuação das equipes de saúde bucal em Goiânia, em 2009: estudo qualitativo. Epidemiol Serv Saúde. 2013;22(3):483-90.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e estatística: Caruaru-PE [Internet]. 2010 [Cited June16, 2021]. Available from: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pe/caruaru/pesquisa/23/47427?detalhes=true.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa Departamento de Apoio à Gestão Estratégica e Participativa. E-GESTOR [Internet]. Informação e Gestão da Atenção Básica. 1967 [Cited June16, 2021]. Available from: https://egestorab.saude.gov.br/paginas/aces soPublico/relatorios/relHistoricoCoberturaAB.xhtml.

Brasil. Ministério da Saúde. Projeto SB Brasil 2010: Pesquisa Nacional de Saúde Bucal – Resultados Principais. Pesquisa Nacional de Saúde Bucal. 2011.

Paim JS. A constituição cidadã e os 25 anos do Sistema Único de Saúde (SUS). Cad Saude Publica. 2013;29(10):1927-53.

Peduzzi M, Agreli HLF, Silva JAM, Souza HS. Trabalho em equipe: uma revisita ao conceito e a seus desdobramentos no trabalho interprofissional. Trab Educ Saúde. 2020; 18(1): e0024678.

Merhy EE, Franco B. Trabalho em Saude. In. Preira IB, Lima JCF (Orgs). Dicionário da Educação Profissional em Saúde. 2 ed. Rio de Janeiro: EPSJV; 2008. p.427-32.

Pedrosa JIDS. A Política Nacional de Educação Popular em Saúde em debate: (re) conhecendo saberes e lutas para a produção da Saúde Coletiva. Interface (Botucatu). 2021; 25:e200190.

Dawson S, Manderson L, Tallo VL. Methods for social research in disease. A Manual for the use of Focus Groups [Internet]. Boston: International Nutrition Foundation for Developing Countries. 1993. [Cited June16, 2021]. Available from: http://www.who.int/iris/handle/10665/41795.

Minayo MCS. O desafio do conhecimento. Pesquisa qualitativa em saúde. 9 ed. São Paulo: Hucitec; 2006. 406 p.

Bardin L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições. 2011; 70p.

Bastos PPZ. Ascensão e crise do governo Dilma Rousseff e o golpe de 2016: poder estrutural, contradição e ideologia. Rev Econ Contemp. 2017;21(2):e172129.

Antunes R. Desenhando a nova morfologia do trabalho no Brasil. Estud Avanç. 2014;28(81):39-3.

Oliveira RS, Morais HMM, Goes PSA, Botazzo C, Magalhães BG. Relações contratuais e perfil dos cirurgiõesdentistas em centros de especialidades odontológicas de baixo e alto desempenho no Brazil. Saúde Soc. 2015;24(3):792-802.

Guimarães EMS. Expressões conservadoras no trabalho em saúde: Serviço Soc Soc. 2017;1(130):564-82.

Soratto J, Pires DEP, Trindade LL, Oliveira JSA, Forte ECN, Melo TP. Insatisfação no trabalho de profissionais da saúde na estratégia saúde da família. Texto Contexto Enferm. 2017;26(3):e2500016.

Brasil. Programa Nacional de Desprecarização do Trabalho no SUS: DesprecarizaSUS. Perguntas e respostas: comitê nacional interinstitucional de desprecarização do trabalho no SUS. 2006 [Cited June16, 2021]. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/desprec_cart.pdf.

Seidl HMF, Vieira SP, Fausto MCR, Lima RCD, Gagno JL. Gestão do trabalho na atenção básica em saúde: uma análise a partir da perspectiva das equipes participantes do PMAQ-2012. Saúde Debate. 2014;38:94-108.

Ditterich RG, Gabardo MCL, Moysés SJ. As ferramentas de trabalho com famílias utilizadas pelas equipes de saúde da família de Curitiba, PR. Saúde Soc. 2009;18(3):515-24.

Costa A. Educação popular e diálogo: precisa a educação (popular) ser dialógica(?). In: Rosas AS, Melo Neto JF (Orgs). Educação popular: enunciados teóricos. João Pessoa: Editora Universitária da UFPB, 2008.

UPE. Plano pedagógico da residência multiprofissional em saúde da família com ênfase na saúde das populações do campo. Recife: UPE, 2015. 24p.

Moimaz SAS, Marques JAM, Saliba O, Garbin CAS, Zina LG, Saliba NA. Satisfação e percepção do usuário do SUS sobre o serviço público de saúde. Physis. 2010;20(4):1419-40.

Graff VA, Toassi RFC. Clínica em saúde bucal como espaço de produção de diálogo, vínculo e subjetividades entre usuários e cirurgiões-dentistas da Atenção Primária à Saúde. Physis Rev Saúde Coletiva. 2018;28(3):e280313.

Morosini MVGC, Corbo AD. Modelos de Atenção e a Saúde da Família. Rio de Janeiro: EPSJV/Fiocruz; 2007. 240 p.

Chomatas E, Vigo A, Marty I, Hauser L, Harzheim E. Avaliação da presença e extensão dos atributos da atenção primária em Curitiba. Rev Bras Med Fam Comun. 2013. p. 294-303.

Pinheiro R, Mattos R. O acolhimento num serviço de saúde entendido como uma rede de conversações. In: Pinheiro R, Mattos RA. Construção da integralidade: cotidiano, saberes e práticas em saúde. Rio de Janeiro, IMS ABRASCO, 2003. p.89-111.

Publicado

04-08-2022

Como Citar

Carvalho, D. M. C. F. de, Mafra, T. F. ., Melo, D. C. S. de, Monteiro, I. da S., & Melo, M. M. D. C. de. (2022). O olhar de usuários, residentes e trabalhadores sobre uma intervenção em saúde bucal de abordagem comunitária na ESF do campo. Revista Da ABENO, 22(2), 1701. https://doi.org/10.30979/revabeno.v22i2.1701

Edição

Seção

Formação no SUS: integração da saúde coletiva com a clínica